quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Conversas fiadas

Sobre os cômodos da casa

Rubem Alves comparou em seu site a cozinha com a sala. Tenho que concordar com ele: a cozinha é para os íntimos. A sala é a única parte da casa totalmente arrumada, enfeitada, uma farsa. As pessoas também ao fazerem sala se mostram dispostas, educadas e servem o melhor cardápio.

Na cozinha está a verdade. É para lá que levamos as pessoas que já nos conhecem bem, aquelas que já sabem que nossa casa não é igual a sala, sabem que só podemos dar metade da atenção para elas porque temos que preparar o almoço, sabem que a receita que você fará não será apenas especial por causa delas, mas é porque têm os ingredientes propícios, sabem até que não lavamos a louça muito bem.

Entrar na casa de alguém é um pouco incômodo para mim. Descobrirei segredos, entrarei numa intimidade mesmo que não queira. Talvez seja por isso que todos tem bom-senso e respeitam as inúmeras regras de etiqueta.

Mas enfim, comecei a refletir sobre como o nosso comportamento muda de acordo com o ambiente que estamos. Até em casa, cada cômodo tem uma simbologia e um nível de intimidade. E enquanto a sala não demosntra a intimidade de ninguém e a cozinha mostra a de todo mundo, o quarto simboliza a intimidade particular, o privado. Tenho pena das pessoas que não podem ter um quarto só para elas. Elas não podem ser íntimas delas mesmas. Não se trata de egoísmo, mas lá somos só nós mesmos, com as nossas coisas, dos nosso jeito. Cada ser-humano deveria ter uma casa com pelo menos esses três cômodos porque ninguém é só sala o tempo todo, nem só cozinha, nem só quarto. Para cada momento precisamos de um tipo de intimidade diferente.

Obs: Esqueci de comentar do banheiro. Lá tem outro tipo de intimidade: a do corpo. Nessa todos somos iguais. Aliás, até os banheiros são todos iguais: uns mais limpos, outros nem tanto, uns maiores, outros menores, mas são apenas banheiros. Eles não tem simbologia (talvez tenham, mas tem mais é utilidade.

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